Nós também somos vítimas (PORTO-05-PT)

Peter e Francis, ambos com 20 anos, fugiram do país, porque sabiam que iam ser recrutados para lutar no exército e não queriam fazê-lo numa guerra em que não acreditavam. Estavam a estudar medicina e tudo o que queriam era salvar vidas no futuro.

No novo país, Peter e Francis foram aos serviços municipais. Eles perguntaram como poderiam continuar os seus estudos neste novo país, mas foram informados de que, por não terem o estatuto de refugiado, não seria fácil conseguirem o que desejavam.

Peter ficou visivelmente angustiado. Ele parecia apavorado e mal conseguia falar. Francis explicou ao funcionário que eles eram os 'criminosos' aos olhos de todos. Eles estavam presos, sem passado ou futuro, sem lar e sem país.

O membro da equipa com formação em prática informada sobre o trauma:

• reconheceu os sintomas de Peter como manifestações de uma crise psicológica;
• aceitou o comportamento e respondeu-lhe com empatia, aplicando as componentes de uma resposta empática, exploração, validação, apoio e respeito;
• deu-lhe instruções para o ajudar a normalizar a sua respiração e evitar o foco nas sensações corporais. Ajudou-o a diminuir o ritmo da sua respiração e pediu-lhe que descrevesse detalhadamente alguns objetos que estavam à sua frente.

Quando a sintomatologia diminuiu, o funcionário com formação em prática informada sobre o trauma:

• explicou que a reação de Peter podia estar relacionada com a experiência de trauma psicológico e que cada pessoa reage de forma diferente;
• sugeriu material educacional de autoajuda, com estratégias para ajudar tanto Peter quanto Francis a lidar com a ansiedade;
• prometeu obter mais informações sobre o que era possível fazer nessas circunstâncias e agendou uma nova sessão para alguns dias depois;
• além disso, encaminhou-os para outros serviços da rede de parceiros locais para mais informações.